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Notícias

  • 24/08/2012
  • Priscilla Peres

Eneoeste tem último dia de debates


O VIII Encontro de Economistas da Região Centroeste (Eneoeste) teve na sexta-feira (24) seu último dia. Pela manhã os debates englobaram a economia do DF e sua região metropolitana, bem como o papel do FCO no desenvolvimento da região Centro-Oeste.

 

O primeiro painel da manhã foi sobre "A economia do DF e sua região metropolitana". Júlio Miragaya e Aldo Paviani foram os palestrantes no debate coordenado por Mário Sérgio Fernandez Sallorenzo.

 

Aldo Paviani, geógrafo, começou falando sobre o crescimento populacional do DF e da Área Metropolitana Integrada de Brasília (AMIB) e a tendência à conurbação. "A população de Brasília, em 2010, registrou 511 mil habitantes a mais do que em 2000. Mais do que em Salvador e mesmo no Rio de Janeiro, que são cidades maiores".

 

Paviani apontou que os recursos da cidade são escassos para resolver problemas como infraestrutura viária e saneamento, habitação e novos postos de trabalho, saúde coletiva e educação, segurança pública e combate à criminalidade. Também classificou como deficiente o transporte de massa. "Brasília tem uma concentração dos postos de trabalho. A área central da cidade tem 8% da população e 64% dos empregos. é claro que isso vai impactar no transporte".

O conselheiro federal Júlio Miragaya, recentemente nomeado presidente da Codeplan, começou citando um dado do final dos anos 90: "Mais de 80% das monografias de graduação dos cursos de economia na capital federal não tinham a ver com Brasília. Acredito que agora esta situação já tenha mudado".

Miragaya citou dados da desigualdade do DF: "No Brasil, com mais de 8 milhões de quilômetros quadrados, a diferença entre o estado com maior e menor renda per capita é de 13 vezes. No Distrito Federal, a diferença entre o Lago Sul e a Estrutural é de 16 vezes. E estamos falando de áreas com 15 ou 20 quilômetros de distância".

 

Miragaya também destacou a dependência que a economia brasiliense tem em relação ao setor público. "No centro está tudo bem, mas isso tem consequências na periferia. Estamos longe do pleno emprego. Das metrópoles, é disparada a que tem menor industrialização". Além da industrialização, apontou também como soluções para a capital a desconcentração da atividade econômica e o estímulo a alguns segmentos, bem como a solução dos gargalos de infraestrutura.

 

No painel seguinte, Maria Cristina de Araújo coordenou um animado debate sobre O papel do Fundo Constitucional do Centro-Oeste e dos Fundos Estaduais no processo de desenvolvimento da região. Os expositores foram o conselheiro federal Roberto Piscitelli, o diretor do Sebrae-DF José Sobrinho Barros e o conselheiro regional César Augusto Bergo.

 

Piscitelli iniciou com os aspectos legais dos fundos constitucionais, origem dos recursos e destinação. Foram criados fundos para o Norte, o Nordeste e o Centro-Oeste. "Quem eram os operadores? No Norte, o Banco da Amazônia; no Nordeste, o Banco do Nordeste do Brasil; e no Centro-Oeste, o Banco do Brasil. O Banco de Desenvolvimento do Centro-Oeste foi criado. Mas nunca foi implementado".

 

Piscitelli também explicou a divisão dos recursos entre os estados e da pouca quantidade de informações disponíveis sobre os planos de desenvolvimento regional. "As informações são poucas, a quantidade de estudos é paupérrima".

 

Barros afirmou que falava com angústia sobre o FCO, especialmente pelo fato de o Distrito Federal ter uma enorme desigualdade de renda. "Se o FCO tinha a intenção de reduzir as desigualdades, ele está muito aquém do seu papel".

 

O diretor do Sebrae também mencionou as travas burocráticas para o acesso aos recursos. "No Distrito Federal, conseguimos alocar poucos recursos. Grande parte nós perdemos por falta de regularidade fundiária. E não adianta falar que temos dificuldades político-administrativas. Os outros não querem saber". Disse também que as áreas de comércio e serviços têm recursos, mas para indústria, turismo e agropecuária, muitas vezes sobram recursos sem alocar.

 

Bergo fez um contraponto. "É preciso um choque de gestão. Eu venho da área privada e vejo que lá no FCO existem práticas do século passado ou mesmo retrasado", afirmou. "É preciso que o capital seja eficiente para que gere retorno e desta forma o social seja beneficiado". Bergo também afirmou que a cultura dos fundos constitucionais é de crédito, quando deveria ser de investimento. "Potencializar os recursos através dos instrumentos já existentes no mercado". E finalizou dizendo que "quando a falha é de gestão, planejamento e estratégia, não vamos colocar a culpa na corrupção".

 

Fonte: Manoel Castanho/ Cofecon

 



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